Gostava de começar com uma publicação positiva, calhou-me uma lacrimejante série de televisão. É que a vida lá fora está ruidosa, irracional, estúpida, suicidária, inflamatória. E sobretudo pouca vida a sério, só projecções numa caverna como as analogias dos antigos.
Parece que não mas cansa, todos os dias tentar seguir os nossos princípios, não entrar em rota de colisão com ninguém e simplesmente deixar passar o momento.
Deixar. Passar. O momento. Como se fosse um mosquito um segundo mais lento.
Estamos nos dias da indecisão e das decisões fatais. Tudo o que fazemos é analisado, mas sem verdadeiramente ser avaliado etica ou logisticamente. Andamos cá porque andamos cá. Com a culpa de matarmos o planeta, matarmo-nos a nós, e sermos pessoas de bem que não fizeram nada quando chegou o mal.
Foi o facebook que me roubou o tempo do blogue (livrodepoemas). Distraiu-me com os vídeos de gatinhos (e ainda distrai, mas não é suficiente). O pior vício das redes sociais é tudo estar à distância de um clique. O automatismo e o imediato. Para além da escrita começou também a roubar-me a leitura e a paciência. E assim estou a tentar mudar, andando para trás, mas conciliando os mundos se possível.
Eppur si muove disse um dia Galileu (um dos meus heróis). Uma coisa é a fé, outra a constatação das leis da física. Hoje estamos a caminhar no sentido contrário. Galileu era crente, mas não podia contestar a evidência científica à prova de dogmas.
E no entanto ela move-se. She moves in mysterious ways. She is alive.